Olá meus amigos seguidores, como estão?

Recebi a sugestão de uma seguidora para escrever um pouco aqui sobre os desafios enfrentados por advogados recém-formados e que não tiveram a oportunidade de estagiar na área durante a faculdade.

Realmente essa é uma situação comum, porém aterrorizante! Se já é difícil para quem estagiou ter o peso e responsabilidade de ser um advogado, imagine quem nunca teve acesso a rotina de um escritório ou departamento jurídico.

A faculdade sempre deixa muito a desejar. Jamais conseguirá conciliar de forma totalmente eficiente a teoria da prática e isso certamente gerará não só um déficit, mas também muita insegurança, medo e preocupação quando da entrada no mercado de trabalho.

Eu pensei muito antes de escrever este post, mas no fim, achei que a melhor forma seria relatar o meu começo e como aos poucos fui superando os desafios, evoluindo e me tornando mais segura na arte de advogar. Apesar de ter estagiado nos últimos dois anos de faculdade, fiz num escritório muito pequeno e minha função basicamente consistia em ver processos no fórum e anotar nas fichas (sim, sou da época do processo em papel…Rs)

Ter contato com clientes, realizar atendimentos, escrever petições e recursos… Até mesmo o simples ato preencher guias de recolhimento de custas era total novidade para mim quando consegui a tão sonhada carteira da OAB! Dar um preço pelo meu trabalho era um pavor! E se o cliente me perguntasse algo que não saberia responder? E se cometesse algum erro no processo? E se perdesse algum processo? Como explicaria ao cliente? Como faria uma audiência sozinha?

Enfim… Essas são algumas poucas lembranças de terror na época de minha formação e tantas outras poderia descrever aqui, mas vou limitar o texto as soluções que apliquei durante estes 13 anos de trajetória na advocacia (até porque, escreveria uma bíblia se fosse relatar tudo! Rs)

Mas vamos lá… Soluções!

No primeiro momento eu não me senti segura a abrir um escritório. Não achei que tinha condições de ser uma boa profissional sozinha, e foi a melhor decisão que tomei na vida! Então minha dica numero um é: Se não se sentir seguro, ok, está tudo bem. O salário pago a um advogado recém formado não é nenhuma maravilha, mas trabalhando em algum escritório você conseguirá o suporte que tanto necessita.

Me lembro claramente do primeiro dia de trabalho. Havia um processo novo e minha função era preencher a guia de custas (na época Gare, hoje aqui em São Paulo, Dare). Eu não sabia por onde começar, mas para minha sorte tinha uma assistente jurídica contratada no escritório que me ensinou e realmente foi a coisa mais fácil da vida!

A segunda dica é: Não tenha medo de atender. Vez ou outra no começo da atuação você vai cometer erros, mas todos são sanáveis. Se trabalhar para si ou em algum escritório, o ideal é que tenha em mente uma área de atuação. Isso facilita muito!

Mas para nossa sorte, vivemos numa época 100% digital, então não é incomum que o cliente nos envie os documentos antes mesmo de agendar a consulta. Aliás, essa é uma excelente dica para quem não tem vivencia na área e acha que não vai conseguir atender com segurança. Peça via whatsapp ou e-mail os documentos preliminares. Já estude o caso, possibilidade jurídica, enquadramento, posicionamento dos tribunais. A internet está ai para isso! Use e abuse das pesquisas!

Terceira dica: Jamais pestaneje no momento de informar o preço pelos seus serviços! Acho que foi o ponto que tive maior dificuldade. Atendia bem, tinha uma ótima dicção, mas na hora de informar o valor faltava me enfiar “em baixo da mesa”. Não conseguia e demorou muito até que superasse isso. Não seja como eu. Você estudou para isso, pagou sua faculdade, passou na OAB e só por isso já é um vencedor! Merece ser remunerado e não tem razões para se envergonhar nesse momento. Treine, se motive e aprenda a cobrar!

Quarta dica: Acho que este é o maior pânico de qualquer advogado recém-formado. Audiência! Pode parecer estranho, mas acho que seguindo as três regras anteriores você não terá problemas em realizar audiências. Mas aqui, quero destacar uma palavra chave: ESTUDO!

Sim, sempre que tiver uma audiência a se realizar estude! Não só o caso, mas também as regras processuais para audiência. A internet está cheia de material sobre isso. Veja posicionamento das partes e juiz na sala, regras e ordem para oitiva das partes e testemunhas, momento em que é oportuno se manifestar, e tudo o que mais precisa saber sobre o ato da audiência.

Ter conhecimento do seu caso também é uma ótima estratégia para se sentir seguro. Faça anotações previas, crie perguntas antecipadamente para quando da oitiva, tenha convicção do que está pleiteando no processo e principalmente instrua seu cliente e testemunhas antes do inicio.

Assistir outras audiências também ajuda bastante. Na justiça do trabalho, por exemplo, temos a possibilidade de acompanhar outros casos sem qualquer formalidade. É só chegar e se sentar! Na esfera cível, um pouco mais complicado, mas sempre existirá um colega disposto a ajudar e que deixará você acompanhar o processo.

Quinta e ultima dica: Não se estresse com eventuais erros no processo. De modo geral, para tudo dá-se um jeito! Lógico, não vai perder prazo ou cometer algum erro grosseiro (lembram-se da internet e da vasta possibilidade de pesquisa?), mas erros simples acontecem com qualquer um, ainda mais quando somos recém chegados na advocacia. Endereçamento, nome, qualificação e dados errados podem ser tranquilamente corrigidos. Até custas erroneamente recolhidas como regra geral, podem ser ressarcidas (dá trabalho, mas dá certo! Rs), temos até entendimento jurisprudencial de que o nome da ação não influencia na decisão final, ou seja, não é um bicho de sete cabeças como parece!

Enfim pessoal essa foi minha forma de enfrentar e mais do que isso, superar todos os meus medos. Evoluir e me tornar mais segura como profissional. Espero que gostem do texto. Deixem seus comentários e joinha ao final.

2 respostas

  1. Olá Dra. seu post foi de extrema valia. Sou recém formada e confesso que tem sido difícil dormir, constante penso como e por onde começar. Obrigada pelas dicas, me sinto um tanto mais confiante! 🙂

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